quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A filosofia de vida dos livros



Estou um tanto perdida, em relação a como começar este assunto, que de tão fácil e cotidiano parece difícil de colocar em palavras. Até tentei fazer um texto bem organizado e muito bem escrito, mas acho que devo apenas dizer o que quero, de forma que seja compreensivo, e que não seja "forjado".
Pois bem. Li "O Conto da Ilha Desconhecida" de Saramago para fazer a prova do PISM(vestibular seriado da UFJF) e é tão excelente que trago comigo cada expressão do conto. Saramago transmite uma filosofia de vida incrível, aliás, uma não, várias. E é bacana que eu sonho com livros que tem filosofia de vida muito boas, principalmente quando eu não espero isso deles. Por exemplo, no ano passado fiz um trabalho sobre mitologia, para a aula de filosofia do terceiro ano; o meu tema era "O Silmarillion" de Tolkien. Li o livro, inicialmente para fazer o trabalho, depois que li a primeira vez, reli para fazer as anotações, e gostei tanto que li de novo. É uma literatura áspera e densa, mas completa de um ensinamento raro e essencial. Sonhei com ele uma semana inteira. Agora, com Saramago devo dizer que me surpreendi. Li o conto, fiz a prova, e em toda situação que me ocorre cito o conto. E depois de decorridos 2 meses, sonhei com ele. Era um sonho normal pra mim, confuso e cheio de coisas que não são reais. Então eu citei Saramago três vezes à um menininho de família rica que achava que apenas ele e sua família tinham importância e mereciam respeito, e que todos a sua volta (os empregados da famíla, inclusive eu, no sonho) dependiam deles. Então eu disse a ele : Você está muito enganado, meu pequeno menino. Saramago, em seu conto disse "Sou o rei deste reino, e os barcos do reino pertencem-me todos, Mais lhes pertencerás tu a eles do que eles a ti, Que queres dizer, perguntou o rei inquieto, Que tu, sem eles, és nada, e que eles, sem ti, poderão sempre navegar". Refletir sobre isso é incrível. Eu, nesta sociedade de hierarquias, jamais havia parado para pensar nisso. Sempre tive para mim, que assim era, e assim não poderia deixar de ser. Que nós dependíamos dos políticos, e não eles de nós. E que eles é que decidiam nosso futuro e sem eles não haveria como faze-lo, e não que eles é que não podem fazê-lo sem nós. José Saramago me desfez uma ideia antiquada e incorreta, dando-me uma visão muito mais ampla. Muito mais ainda eu aprendi com "O Conto da Ilha Desconhecida", e indico a todos, mesmo aos mais sábios, mesmo os mais ignorantes, mesmo quem ainda não se decidiu.